Milhões de mulheres experienciam o desconforto vaginal, e algumas vezes, dores terríveis, por uma grande quantidade de motivos, mais principalmente pela perda de estrogênio. A secura vaginal e a atrofia resultantes podem tornar um pesadelo a relação sexual. Além de mulheres que estão próximas ou que já passaram da menopausa, também são afetadas aquelas que recentemente derem à luz ou estão amamentando, que são tratadas com drogas supressoras de estrogênio contra o câncer de mama, com quimioterapia ou radioterapia pélvica ou e as mulheres cujos ovários foram removidos cirurgicamente.
Com as mulheres vivendo mais de um terço de suas vidas após a menopausa, os problemas como câncer e queda de estrogênio são cada vez mais comuns. Ainda assim, apenas um quarto das mulheres com dores vaginais relata isto ao médico. E daquelas que falam, muitas vezes ouvem — incorretamente — que nada poderia ser feito e que elas deveriam aprender a viver com a dor.
A ginecologista Deborah Coady, autora do livro “Healing Painful Sex” (Curando o sexo doloroso, em tradução livre), conta já ter ouvido relatos de seus pacientes sobre médicos, tais como “está tudo na sua cabeça”, “você precisa relaxar”, “deve haver algo errado com o seu relacionamento” ou “você não tem nenhum problema físico”. Um médico chegou a sugerir que o paciente arrumasse outra namorada.
Não é de se admirar que tantas mulheres com dor vaginal se sintam isoladas, envergonhadas e pensem em si como mercadorias danificadas, disse Nancy Fish, psicoterapeuta, também autora do livro e que igualmente vivenciava a dor na relação sexual.
A conexão hormonal
Quando a mulher vivencia a queda de estrogênio, por fatores naturais ou externos, ela geralmente não está preparada para suas consequências. E quando os médicos estão tratando o câncer, eles geralmente não levam em consideração a sexualidade da mulher.
A atrofia vaginal se refere a um afinamento e inflamação das paredes da vagina a partir da perda de estrogênio. Os sintomas devem incluir a secura e a queimação; a diminuição do canal vaginal; queimação durante a urina e incontinência urinária, além de infecções urinárias.
A vagina fica menos ácida, afirmou Coady, e as bactérias boas, predominantes, como o lactobacilos, desaparecem, e geralmente são substituídos pelas bactérias prejudiciais e fungos. O resultado é geralmente uma secreção amarelada que pode ser irritante. O revestimento vaginal também racha facilmente, o que pode levar a infecções.
Quando as paredes da vagina estão mais frágeis, a penetração durante a relação sexual, se for possível, pode causar pequenas lágrimas. Quando o sexo machuca, a mulher tenta evitar a intimidade, o que pode prejudicar o relacionamento ou mantê-la longe de um novo.
O resultado da perda hormonal são mais fortes em mulheres que fumam e as que nunca derem à luz pela vagina.
O tratamento é possível
Mulheres com dores na relação sexual não desistam, não importa qual é a idade delas e de quantos médicos lhes disseram que nada poderia ser feito para aliviar o desconforto. É importante também não adiar o tratamento: quanto mais a dor persistir, maior a possibilidade de resultar em nevralgia ou disfunção, tornando o problema mais difícil de tratar.
Paciência também é importante. Leva-se semanas ou até meses até atingir os benefícios plenos do tratamento, o que pode envolver abordagens complementares. Tratamentos locais que se mostraram úteis incluem o anel, creme e comprimidos de estrogênio.
Se o desconforto vaginal é mediano ou forte, o uso contínuo de lubrificante vaginal pode ajudar a tornar o sexo mais prazeroso. A ginecologista descobriu que aplicar uma camada de óleos naturais, como de vitamina E ou de cártamo, coco ou de oliva quatro vezes ao dia por um mês ou dois podem hidratar a pele da vulva, alargando-se e até curando as suas fissuras.
A fisioterapia também pode ser um componente importante do tratamento. Dor sexual geralmente envolve mudanças abaixo da superfície da pele: conexão encurtada dos tecidos e enfraquecimento dos músculos contribuem para o desconforto. Coady afirma ainda que o uso de um dilatador ou de um vibrador podem aumentar o fluxo sanguíneo na área vagina e diminuir a secura do canal. Além disso, exercício físico, como ioga, pilates, chi kung e outros podem fortalecer a pélvis e aumentar a flexibilidade.
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